sexta-feira, 23 de maio de 2014

Quando bênção que Deus dá se volta contra o próprio Deus...

Creio que o título acima é adequado, mas poderia ser diferente, como por exemplo: “Quando ‘o quê’ Deus dá se torna mais importante que o próprio Deus” ou “Quando valorizamos mais ‘a bênção’ do que o Deus que abençoa”, e por aí vai. Acho que já ficou clara a ideia...

Pra refletirmos sobre isto, deixe-me sugerir algumas “parábolas”:

1 - Havia um menino que pedia a seu pai um vídeo game de última geração.
Este menino não apenas pedia, mas fazia de tudo pra agradar seu pai e assim se mostrar “merecedor” do tão desejado vídeo game.
E não apenas suas tarefas, mas procurava passar tempo com seu pai, sair juntos, rir, conversar, ou seja, havia um relacionamento profundo e crescente entre os dois.
Um dia o pai decide que chegou o momento de atender ao pedido de seu filho e o presenteia com o vídeo game!
O filho então fica extremamente grato e vai se divertir com seu presente; porém, aqueles jogos são extremamente envolventes e longos, e acabam consumindo assim horas e horas do tempo deste filho.
Este começa a “relaxar” em seus afazeres pra poder jogar mais e consequentemente não tem mais tempo pra passar com o pai. E nos poucos momentos juntos, este filho só pensa em uma coisa; “preciso passar aquela fase...”

2 - Depois dos árduos anos de esforço e estudo, um jovem rapaz está prestes a começar sua jornada na universidade.
Seus pais, com muito esforço pagam várias inscrições em vestibulares, e este rapaz é aprovado.
Vem então o investimento em material, transporte e mensalidades pra que este rapaz tenha todas as condições de sair-se bem neste curso.
Porém, este rapaz começa a ver este curso como o centro de sua vida e não tem mais tempo pra sua família. Só pensa em estudar.
Neste processo, ele esquece todo o empenho e sacrifício dos pais e passa a ve-los como meros “provedores”, como se fazer aquele curso fosse um favor a eles...

Estas foram apenas duas pequenas histórias, mas quantas outras temos visto hoje em dia?

Quantas vezes oramos e clamamos ao Pai, Ele nos abençoa, e é justamente esta “bênção” que usamos como motivo pra nos afastarmos Dele ou servirmos menos a Ele?

Já ouvimos histórias de quem orava pedindo um carro pra facilitar seu transporte e servir mais e melhor ao Senhor, depois que tem o carro, “aproveita” os fins de semana pra viajar com a família e se torna cada vez mais ausente no Serviço ao Senhor.
Outros oram pedindo que o Senhor lhes dê filhos, quando nasce já o primeiro, param de servir em ministérios e em alguns casos ficam meses sem aparecer em um culto.

Este tipo de situação me leva a refletir; “Será que Deus ‘errou’ em dar determinadas bênçãos a determinadas pessoas?”

Com certeza não! O Senhor é soberano sobre todas as coisas e têm prazer em abençoar e cuidar de Seus filhos!
O problema está em nós, que focamos tanto nas bênçãos que Deus dá e as supervalorizamos, quando a própria presença de Deus deveria ser o nosso objetivo maior!

Não estou dizendo aqui que devemos menosprezar família, filhos, estudos, trabalho e até mesmo o nossos momentos de lazer! Todas estas coisas tem sua importância em nossa vida!

Mas lembremos das palavras de Jesus em Mateus 6:33 “Buscais pois EM PRIMEIRO LUGAR o Reino de Deus e à Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”

O Rei Davi nos dá um bom exemplo do que é realmente importante!
Quando Ele pecou e foi repreendido pelo profeta Natã (2 Sm 12), na mesma hora Ele reconheceu o seu pecado e se humilhou na presença do Senhor.
Vemos isto no Salmo 51. Davi não está preocupado em continuar sendo rei! Não está nem pensando em manter suas posses ou em não perder as bênçãos!
No verso 11 ele clama; “Não me lances fora da Tua presença, e nem retires de mim o Teu Espírito”!

Que possamos refletir e pensar se realmente temos valorizado a presença do Senhor desta forma profunda e intensa, tanto que todo o resto fica em segundo plano!

Ou será que temos tido uma fé circunstancial só porque Deus “tem feito coisas por nós”?

E se perdermos alguma destas coisas?

E se eu bater meu carro e der perda total?

E se ei falhar nos estudos?

E se eu perder meu bom emprego e tiver que trabalhar em algo que eu não gosto, ganhando um salário menor?

E se eu perder um filho?

É claro que não desejamos que nada disto aconteça! De forma nenhuma!
Mas que nunca esqueçamos que NADA DISSO pode servir de BASE pro nosso relacionamento com o Pai!
São bênçãos que Ele nos deu e nunca O MOTIVO de nossa existência!

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